22 dezembro 2010

Candlelight Carol - Presente de Natal



Este é meu presente de Natal para todos. Mais uma belissima pérola do Mormon Tabernacle Choir.

20 novembro 2010

8ª Sinfonia de Anton Bruckner - The Best!

Desculpem pela colocação um tanto questionável, mas vou ser sincero, eu já ouvi trocentas vezes várias interpretações da 8ª... de vários grandes regentes, porém, ainda sinto a falta de ouvi-la ao vivo, e numa catedral. Até ouvir essa com o Karajan, minha favorita era a do Jochum, em seguida, uma do Celibidache. Mas essa do Karajan conseguiu ser divinamente expressiva, solene, celeste... no 4º movimento, conseguiu produzir uns sons celestes e uma sonoridade fantástica entre o nipe dos metais, especialmente os trompetes que eu não vi em nenhuma das demais... alias, se percebe em toda a música uma exigencia de cada um como se fosse o mais profundo solo, uma verdadeira canção da alma, talvez um oração. O terceiro movimento então... E detalhe, o lugar, uma catedral não foi uma escolha a toa, várias obras de Bruckner ele se inspirava na composição justamente para serem tocadas na igreja - sim, ele era um cara muito religioso - a sonoridade produzida com o eco da profundidade e das pilastras fazem um efeito único. Karajan realmente buscou produzir uma obra perfeita.


Infelizmente não encontrei para download em nenhum lugar. Mas disponibilizo o grande achado no orkut.


Esta sim, como alguns dizem, é para ouvir de olhos fechados, e de joelhos agradecendo a Deus por ter inspirado tal composição e regencia, além da oportunidade de podermos apreciar e contemplar esta fantástica obra de arte. Sinceramente, esta, ao meu ver, em muitos aspectos (sobretudo o espiritual) deixa a 9ª de Beethoven no chinelo.


[Retiro a coloção, a gravação de Jochum, com a de Berlin, voltou a ocupar o primeiro lugar após ouvir mais cautelosamente, algumas vezes as duas gravações.]

1ª Movimento





2ª Movimento





3ª Movimento








4ª Movimento





16 outubro 2010

Toccata e Fuga em D menor - Bach

Olha só essa versão tocada pelo quinteto de metais Canadian Brass:



Mas eu prefiro esta versão do German Brass (porem, possuem um nipe bem maior, que fecha melhor a harmonia)

15 outubro 2010

Mahler Sinfonia 8 - A Sinfonia dos Mil



Já devo ter dito, mas esta sinfonia do Mahler não me agrada muito por ser romantica demais, ou seja, muito exagerada, tem hora que meus ouvidos não suportam a gritaria da metalheira e dos corais, como a gravação do Bernstein que tem um som impecavel, mas ao mesmo tempo, insuportável. Porém, meu amigo compositor e regente Vinicius - o qual está compondo certamente uma incrivel cantata de natal para tocarmos e com coral no final do ano - me enviou este video, pois de fato, está interpretação de Simon Rattle conseguiu amenizar bem mais, deixar bem mais solene e 'comportada' valorizando a melodia; perdeu um pouco aquele extrondor romantico, mas ficou muito mais 'sacro' e melodioso aos ouvidos, vamos assim dizer. Gostei pacas! Alias, fica ai como um dos desejos nesta vida, poder ouvir ainda ao vivo esta sinfonia numa ótima interpretação e execução. Abaixo, o final da música.

05 outubro 2010

9ª Sinfonia de Beethoven - Furtwangler (The Best)

Sem sombras de dúvidas, esta é a melhor gravação (e de disparada) que eu já ouvi da obra prima de Beethoven. Melhor que as do Karajan que tenho, a do Fricsay, e até mesmo Toscanini. Sem palavras, é extraordinário... talvez de algum modo, a IIGM tenha inspirado da unha do pé ao fio de cabelo de cada músico nesta interpretação, numa gravação ao vivo, em tempos remoto da tecnologia de audiorecorder.

Não podia deixar de compartilhar este presente, este bem da humanidade, com vocês.

É totalmente, plenamente, IMPERDÍVEL.

Grato, ao blog PQPBach

Download.

(tá acho q exagerei um pouco... cada regente e gravação teve seus prós e contras)

01 outubro 2010

Uma Aula de Música com Herbert von Karajan

Se você é mais dos admiradores do Karajan, um dos maiores maestros de todos os tempos. Aqui está um video que encontrei no orkut do meu amigo Vinicius Penegacci, de um ensaio de Karajan com a Orquestra Sinfonica de Viena, de uma obra maravilhosa de Schumann. Vale toda a pena ver... se você não entende nada de alemão... tem uma legenda em ingles.




Para ver as demais partes... é só abrir o youtube.

25 setembro 2010

Com O Som de Trombetas

Apresentação no V ABC In Concert no Teatro Municipal de Santo André no dia 25/09/2010.

Corais:
Coral da IASD de São Caetano
Coral Jovem do Brooklin
Coral Arautos do Ipê
Coral Univozes
Coral Advoz
Coral Tons e Sons
Coral Univoz
Coral Mendelssohn

Instrumental:
Piano:
Percussão:
Violino:
Violoncelo:
Trompetes: Rafael, Marcio e Evandro
Trombone: Elton

Arranjo: Vinicius
Gravação: Renne




A história foi meio interessante. Três dias antes, numa conversa pelo msn com um amigo trompetista do Brooklyn, e ai ele me fala desse concerto que aconteceria... e nisso, eu e o Elton fomos convidados para tocar com eles, um arranjo no final desta música com todos os corais participantes juntos. Bem topamos. E sem ensaio, de ultimo hora tocamos com eles. Ficou muito bom, ao meu ver. Umas coisas aqui e ali... mas todos gostaram... se houvesse tido um ensaio, quem sabe. Isso que infelizmente um grupo de violinos, cellos, baixos, madeiras e timpano houve um imprevisto no dia e não puderem ir. Infelizmente houve algum problema com o som no começo da gravação, mas dá para ter uma noção. Mas é isso. Fomos convidados para alguns futuros eventos... vamos ver.

16 setembro 2010

For the Beauty of the Earth

Melodia simples, harmonia simples, letra simples. É uma música que trata de forma tão simples das belezas da natureza quando sua própria simplicidade, que a torna tão doce e tão agradável e bela aos ouvidos. Já perdi a conta de tantas versões que já ouvi desta música. Aqui compartilho algumas que achei muito boas no youtube. (infelizmente não achei a versão antiga do Arautos do Rei, em português)





Haendel - Sarabande

Sinceramente, pouca música instrumental do Haendel me vem em mente quando lembro dele. Mas a Sarabande é uma das que muito aprecio, ela aborda de um modo tão sóbrio, duro, sensível algumas coisas belas e tristes da vida, que é dificil lembrar de outras coisas assim, tocadas por cordas, que em cada ataque do arco, parece rasgar o coração. Belissima interpretação pelo quarteto de cordas e outros instrumentos...


10 setembro 2010

Jazz Sinfonica de Diadema

Apresentação no Espaço Cultural do Banco do Brasil perto da Sé, no dia 31/09/2010, com a participação do trombonista Bocato.



















Vigilia IASD Itapeva - 28/08/2010

No dia 28/8 fomos tocar na IASD de Itapevi em Mauá, numa vigilia muito especial com pessoas muito simples e simpáticas.

Bem, infelizmente as gravações não ficaram boas. A da encenação apenas tenho a parte 2 do final, a parte 1 que era a legal mesmo acabei perdendo a gravação - tivemos que tocar no breu, iluminando a partitura com o celular rs. A do não desistir, acabei gravando com o celular embaixo da minha estante então dá para imaginar... rs.. e teve umas músicas como o "Há Um Dever" que fiz umas gafes horríveis da nota não sair.

Mas foi uma incrivel experiência.





08 setembro 2010

Sinfonia 1 de Mahler - TItan (Titã)

Sabe, há coisas que dificilmente nos convence acreditar em "obras do acaso", ou "pura genialidade meramente humana". Você pode ir nos mais expetaculares lugares da Terra, observar o céu estrelado de um lugar perfeito para isso, entre tantas outras coisas. Mas há algo que eu digo ser unicamente único que não se pode ver, nem encontrar em nenhum outro lugar, e é "a música"; ou melhor, ao meu ver, um legado que Deus deixou a humanidade para sentirmos o gostinho do Céu. E poderia destacar várias músicas... como o 3º movimento da 9ª de Beethoven, o 1º e 4º mov. da 4ª de Bruckner e o 3ºmov. de sua 8ª; entre tantos outros, como a 9ª de Dvorak... bem a lista é enorme. Mas entre elas, uma eu diria se destacar muito, mas muito mesmo, é a 1ª Sinfonia de Gustav Mahler.

Gosto mais da 1ª do que da famosa 5ª, as demais de Mahler não me agradam muito. Mas esta primeira sinfonia é algo simplesmente astronomico! A beleza do primeiro movimento, a forma tão suave, bela, gostosa como a música se desenrola, numa verdadeira viagem, passando por vários temas importantissimos da vida, e sempre chegando em algo maior... e terminando com algo simplesmente grande, um tanto que misterioso, mas em tom festivo... é quase que uma celebração a vida. É uma daquelas músicas que realmente te deixam para cima sem forçar a barra, apenas com o peso das idéias e de como os temas são tratados. É uma música que simplesmente não canso de ouvir - já cheguei a ouvi-la 3x seguidas.

Bem, não vou ousar a falar tudo o que essa música já me fez pensar.

Considero-a IMPERDÍVEL, para todo o ser que tem ouvidos e pode escutar música. E disponibilizo aqui uma interpretação e regência de Mariss Jansons, com a Royal Concertgebouw Orchestra, que é a melhor gravação desta música que passou pelos meus ouvidos.

Desfrute-a, apenas tome cuidado para não ouvi-la muito baixo... você precisa reparar nos vários detalhes.

Download
Fonte: PQP Bach

21 agosto 2010

Vigilia IASD Vl. Luzita - 21/08/2010

Violino: Patrizia
Flauta: Angélika
Trompetes: Evandro e Ronaldo
Trompa: Fernando
Trombones: Elton e Lucas
Sax Alto: Renato e Jeferson
Sax Tenor: Elcio


Sejas Louvado


Pai Querido


Jesus Tu És Minha Vida


Rei dos Reis


Há Um Dever


Achei Um Grande Amigo (saideira)

15 agosto 2010

God of Our Fathers

Ontem um dia musicalmente especial, tocamos o hino 333 - Há Um Dever (God of Our Fathers), que tem aqueles clarins de tercinas com os trompetes entre as frases... bem, acho que exageremos (galera do metal) um pouco no volume ontem. Mas isto me inspirou um pouco em fazer um arranjo dele que me pediram, o qual fiquei toda a tarde de hoje. Isto depois de ouvir um impecável concerto para violino de Paganini ontem pela OSSA com um excelente violinista, o Emmanuele Baldini... nem preciso dizer mais nada.

Hoje caçando na Net por algumas versões desta música que é uma das "monumentais" vamos assim dizer no mundo cristão protestante, achei 5 versões muito interessantes, mas a que mais me impressionou, quem diria, é novamente uma versão (entras outras 3) do "Mormon Tabernacle Choir", que disponibilizo abaixo. Mas meu arranjo não vai ficar praticamente nada parecido com ela. hehe

26 julho 2010

Pensamentos sobre música

"Quando as pessoas tiverem aprendido a amar a música por elas próprias, quando ouvirem com outros ouvidos, o seu prazer será de ordem bem mais elevado e mais potente, o que lhes permitirá então apreciar a música num outro plano e lhes pode..."
Igor STRAVINSKY

"Os homens limitados enxergam na música somente a alegria ou tristeza,mas quem é mais profundo consegue sentir na grande música cada pequena variação do estado da alma,dos sentimentos mais delicados até as paixões mais violentas,porque os grandes compositores traduziram na linguagem musical cada segredo da alma do homem." Schumann

Amazing Grace

Sou um grande admirador e apreciador do Mormon Tabernacle Choir, os arranjos que fazem para músicas conhecidas me espantam. E este é uma delas, no qual colocaram uma introdução com gaitas escocesas, e colocaram até uma percursão a estilo "drumsline" no final... sem perder o foco e a idéia extremamente solene e bela da música...

16 julho 2010

Pachelbel Canon in D Maior

Ontem, baixei vários MIDIs de músicas. Pois uma das coisas que muito gosto de fazer, e pegar os MIDIs abrir com o Sibelius que cria a partitura de cada instrumento.. e aí ficar tocando a melodia ou algum trompete. E então baixei um MIDI que encontrei para solo de trompete, trompa, 2 violinos e um baixo. Só de ouvir o MIDI, com aquele sonzinho feio, fiquei simplesmente maravilhado, encantado. Já havia ouvido tal melodia alguma vez na minha vida com certeza, pois me soava familiar. Porém, fiquei encantado... de certo modo até fiquei meio que injustiçado, me sentindo lezado... por haver músicas tão extremamente belas, mas as vezes, sou obrigado a ouvir um vizinho ouvindo esses "Funks" pornograficos.

Não conheço nada de Pachelbel, nada deste Canon... mas só de ouvir esta música, concluo que o cara era muito espirituoso, religioso, virtuoso e se encantava pelo bucólico como eu.

Bem, aí fui procurar na net essa música, gravada com instrumentos de verdade. E encontrei esta maravilhosa interpretação... acho que para 2 violinos, 1 viola, 1 cello, 1 contra-baixo... e algum outro instrumento q não consigo identificar muito bem [acho que nunca disse isso, mas esses vibratos de violino - nossa! - eu nem sei que palavra usar... o atrito (fricção) das cordas pelo arco, parece que está rasgando, penetrando, como uma lixa em nossos sentidos (porem com a idéia da música e não com ardor), diferente do trompete que entra mais como uma flecha afiada, ou uma marreta, e nos vibratos, como um 'monte de bolhas' rasgadas por facas... o que o torna um instrumento muito marcial. - e nesta música podemos sentir claramente as cordas penetrando por cada poro de nossa pele]. E este tom de Ré Maior dá claramente um tom de algo para cima, lembrando até um pouco o 4o. movimento da 9a de Beethoven que termina em Ré Maior também, se não me engano. E em alguns momentos lembra muito aquela comoção feliz que abraça lá no fundo do cantinho do nosso coração que vemos no final da 5a. de Mahler.

Ouvi uma vez, e me apaixonei e tornou-se uma de minhas favoritas!
Apenas lamento por aqueles que não podem contemplar e apreciar a beleza desta obra inspiradoura... o triste é que é muito curta; ela poderia não acabar nunca e ditar minha vida.

Obs: Esta música se esculta de olhos fechados.


Downloads

Creio que este comentário no youtube diz o sucifiente:
"It always makes me smile when i'm feeling down." (Cissypercflute)
Trad.: [Esta música sempre me faz sorrir quando estou me sentido para baixo.]

Versão do Canadian Brass

28 junho 2010

Arranjo: Santo, Santo, Santo

Alguns dias atrás fiquei muito com esta música na minha cabeça, lembrando da vigilia que fizemos na IASD de Vila Formosa onde haviam uns 12 violinos, e tocaram esta música (Santo, Santo, Santo) do Hinário Adventista em Dó, e nós improvisamos fazendo uns "bolachões" (umas semi-breves), e que ficou extraordinariamente maravilhoso, foi de arrancar lágrimas dos olhos. Então fiquei pensando em fazer um arranjo simples tentando trabalhar aquelas idéias e dar uma subida de tom no final... começando em C Maior e indo D Maior; para o nipe de instrumentos que temos em nossa igreja.

Ouvir arranjo (midi)


Instrumentos:
Piano
2 Trompetes em Bb
1 Trompa em F
1 Trombone em C (apesar de ter começado fazendo para 2)
2 Sax Alto Eb
1 Sax Tenor Bb
2 Flautas
2 Violinos

Bit: 70 - 100 (recomendo)

Partituras e Audio

22 junho 2010

1812 de Tchaikovsky

Por muitos meses esta foi, sem dúvida, minha obra favorita, entre todas. Vamos dizer que eu praticamente aprendi a ouvir, interpretar música e a perder o hábito de que uma música tem que ter um limite de tempo (não podia passar de 6min.); e aí todas as idéias desta 1812, desde a oração inicial, o desenvolvimento do drama, do conflito, até que chega naquele ápice da bravura, da honra, da energia ("vou dar tudo de mim"), quase como uma explosão de gozo de uma conquista e depois uma marcha festiva como quem conduz os últimos passos do fim de uma Guerra para a vitória... é sensacional! O que dizer então desta orquestração monstruosa (no bom sentido) do mestre Tchaikovsky?

Bem, achei esse vídeo no YouTube (ohhh!) há outros muito bons desta música, mas esse me chamou a atenção não pela interpretação (alías, ficou muito claro - tipico das orquestras Norte-Americanas, mesmo sendo uma inglesa - faltou ao meu ver um som mais profundo e corporado/robusto/cheio - os graves ficaram muito opacos e sumidos - ainda mais de uma música Russa), mas pela metaleira que foi colocada promovendo uma sonoridade e volume que, ao vivo, deve ter arrepiado até os pelos da orelha (tanto é que a platéia até se manifesta durante a música); os decibéis deve ter facilmente ultrapassado os 120, 140 ali; melhor, deve ter sido ensudecedor; deixando meu som no máximo dá para ter uma noção, mas a coluna de ar dos instrumentos fazendo vibrar até seu pancreas, apenas ao vivo. Bem, ficaaí, o vídeo da parte final desta maravilhosa e extraordinária composição.

'BigBand' da IASDCentral

O Juracir, aluno de sax tenor, fez duas gravações de nós tocando. Um é do ano passado (2009), da Festa da Amizade, a composição foi de um senhor que não me recordo o nome, e o arranjo para o nipe foi do Elcio; o mais interessante, é que este arranjo foi tocado praticamente sem ensaio, ainda bem que era simples.

Trompete: Evandro
Sax: Elcio, Hugo e Renato
Trombone: Elton



A outra foi uma de nossas chamadas "Saideiras", que normalmente fazemos sempre no final enquanto o pessoal está saindo do recinto quais se busca muito improvisar, serem bem discontraidas. Esta foi no inicio de junho deste ano; na descrição do Juracir colocou só eu de trompete, mas o Ronald também estava, foi ele que fez o trompete mais agudo (bem nitido), ora oitavando a melodia; por causa do aparelho, acho que nem consegui tocar direito o contra-alto. Bem, parece que tem uns violinos de enfeite, de fato, precisamos arranjar microfone para elas (Patrizia e Rafaela); nos sax, temos Elcio no tenor e o Hugo no alto; o Robert na flauta e a Edla no piano.

17 junho 2010

Bruckner - Te Deum

Bem, sou um apreciador da música de Bruckner, creio ser o que consegue expressar uma realigiosidade mais incrivel na música, menos subjetiva, humana possível... tanto é que alguns descrevem como que Bruckner trata de um "outro mundo" incompreensível, indescritível. Qual tem toda aquela religiosadade serena, solene e bela que vemos em Bach, os andamentos viril fortes e naturalmente cativantes que vemos em Beethoven, e toda aquela convicção religiosa e fé em cada nota que vemos em Handel, e tudo se cruza e é exageradamente elevado (tipico do romantismo). Bem, não vou tentar descrever a música de Bruckner, nem tudo o que significa para mim, agora. Mas há uma obra, inegavelmente, religiosa, profundamente religiosa, que tenta produzir uma atmosfera grandiosamente divina celestial e ao mesmo tempo angelical (que se fecharmos bem os olhos dá até para imaginar ou ter uma idéia de seres celestiais interpretando tal música) que é a "Te Deum".

Chamo muito a atenção dessa música para o caráter religioso. E também, em especial, que, através dela, podemos tentar compreender e ter idéias de muitas coisas que vemos nas suas sinfonias (apesar de eu não ver isto, e não gostar, das de número 2 e 3). Nesta introdução da 'Te Deum', há muito, por exemplo, da 4ª, 6ª e 7ª sinfonias. Sendo esta música, mais explicita (com palavras), nos ajuda a compreender melhor as idéias expressas, de Bruckner nas suas demais obras.

Bem, aproveite. E lembre-se, Bruckner, se esculta no último volume. - As janelas precisam tremer. Se dúvida, vai ouvir uma interpretação ao vivo. - para ouvir cada detalhe dos instrumentos, harmonias...



Parte 2
Parte 3
Parte 4
Parte 5

Há muitas interpretações disponíveis na Internet, e a que mais me impressiona, em todos os ambitos, sobretudo, na religiosidade, é está do Karajan 1978 com a Fila de Berlim.

Download:
1. "Te Deum laudamus..." - Allegro moderato, C maior
2. "Te ergo quaesumus..." - Moderato, F menor
3. "Aeterna fac cum Sanctis..." - Allegro, D menor
4. Salvum fac populum..." - Moderato, F menor
5. In Te, Domine speravi..." - Mäßig bewegt, C maior

Partitura do vocal (coral + solos) + piano + letra

30 maio 2010

Mulheres Metaleiras

Quem disse que os metais são instrumentos de homem, aqui está uma prova que não. Há mulherada [lindas] que mandam muito bem, até nos enormes trombones e bombardão. Tocando algumas músicas arranjadas, muito 10, da suite Carmen de Bizet. Que para quem conhece, sabe que é uma obra com melodias muito divertidas e sedutoras.


27 maio 2010

Cartoon Concerto - Bruce Broughton

Quem não acha extraordinário as trilhas sonoras dos desenhos antigos feitos entre 1940 - 1990?

Bem, um dos grandes compositores daquelas músicas foi o Bruce Broughton que nasceu em 1945 (acho que ainda está vivo) nos EUA. Para ter idéia, ele compos a trilha sonora de vários filmes, como Sherlock Homes (1985), Ninguem Segura Este Bebe (94), Moonwalker (do Michel Jackson, em 1988), e claro, de vários desenhos que assistimos em nossa infância.

Mas mais impressionante ainda é esse cd que ele compos... acho que a capa diz por si. E o trabalho técnico, não apenas da orquestra, mas do estudio na equalização é impecável.

É extremamente legal! Divertido mesmo!!! Muito legal mesmo!!!!!!!!!!!!!!!!! E impressionante, como ele consegue dar tanta semantica, idéias, movimento, ação e efeitos na música... e ao mesmo tempo, nunca parece ser algo forçado ou exagerado, cada sequencia soa naturalmente.

Pior de tudo é que não dá para classificar. É um concerto? Trilha sonora? Uma mistura de ritmos jazz, melodias e brincadeira? E por cima explora todo o arsenal tecnico que a música moderna dispõe (algo que me faz pensar: "Já penssou Bach, Beethoven, Brahms, Bruckner... com o conhecimento tecnico de hoje? Seriam MONSTRUOSAS, suas obras...").

Não é uma obra que não há espiritualidade alguma, isso é nitido, é apenas um passatempo bem divertido, o que foge um pouco do repertório desde blog. Mas ele é tão impressionante, e as vezes vagueia por várias músicas eruditas, como a 1812 de Tchaikovsky na música 5 com um arranjado "animado". É pelo menos uma grande lição de técnica e efeitos que nos ensina  ou propõe muita coisa que podemos aprender, ou até mesmo fazer com nossos queridos instrumentos. E uma lição clara de música objetiva, creio eu que até uma criança consegue interpretar as idéias e sentimentos que essa música impõe.
É IMPRESSIONANTE MESMO!!! E MUIIIIIIITOOOOOOOOOOOOOOOOO LEGALL... vocês vão adorar. Caso contrário, podem comentar reclamando (elogiar também).

Link para download: Rapidshare

Faixas:
01 An American Prologue (4:24)
02 Carnaval Presto (6:31)
03 Scherzo Berzeko in 3 Portions (18:38)
04 Outdoor Interlude (8:15)
05 Le Grande Finale in 4 Portions (18:38)
06 Teeny Tiny Coda (1:01)

Fonte: PQP Bach

21 maio 2010

Brincando no Trompete n. k

Ultimos dias antes de por o aparelho tocando um pouco em casa.

Haja Paz na Terra


Ide!


Mensagem ao Mundo


Como Agradecer

04 maio 2010

Haydn - Die Sieben Letzten Worte (IMPERDÍVEL)

A tradução dessa cantata/oratório sacra é "As últimas palavras de Cristo antes de morrer" (algo assim). Até então eu a conhecia apenas numa versão instrumental de quarteto de cordas; bonito, mas música de camera não me agrada muito (é dificil, mas não impossível); é como se há [no Evandro] sempre uma busca por um som de uma massa orquestral, com aquela profundidade harmonica de trincar/rachar as células (não que isso signifique volume)... e se tratando de música para coral, sem o coral fica meio sem sentido (claro, há particularidades, como varias obras de Bach, Haendel...). Até que chegou um dia e vejo esta versão para orquestra e coral no site P. Q. P. Bach.

A qualidade sonora desta gravação é absurdamente excelente! Com um BOM fone de ouvido ou aparelho de som, dá até um pouco a impressão de ser ao vivo dentro da sala de concerto. [a captação dos graves está excelente] A harmonia, orquestração feita, assim como o coral, está tão extraordinário, que satisfez todas as espectativas de cada célula minha, cada uma vibrou e ficou muda; e a vontade foi de parar tudo, fechar os olhos e ouvir de joelhos esta obra magnifica, extraordinária, com uma qualidade sonora surpreendente.

Eu sei que há muita gente com preconceito quanto a música sacra, sobretudo, as clássicas. Muitos conhecem Haydn pelo Concerto para Trumpete, mas insisto em dizer que todo ouvido humano deveria apreciar pelo menos uma vez nessa vida esta música. Sem mais, palavras, sem saber o que dizer, descrever, dessa interpretação sensacional... apenas recomendo: "Ouça! É imperdível."

Solitas:
Inga Nielsen - Soprano
Margareta Hintermeier - Alto
Anthony Rolfe-Johnson - Tenor
Robert Holl - Bass
Orquestra:
Concentus Musicus Wien
Coral:
Arnold Schoenberg Choir
Regente:
Nikolaus Harnoncourt - Direktor


Download

02 maio 2010

Alguns Ensaios do Fim de Semana

Primeiro, ensaio do Pedra Coral da música "Tua Graça".



Em segundo, ensaiando no trompete um arranjo do Aleluia de Haendel.

30 abril 2010

Brahms - Sinfonia 1 - Movimento 4

Uma das coisas que mais me admira nas composições de Brahms é a movimentação sempre nobre, cheio de certa glória e perfeição nos minimos detalhes, nenhuma nota parece ofernder de algum modo nossos ouvidos; além disso as melodias que ele consegue produzir e a harmonia que carrega encanta e toma de certo modo a alma do ouvinte, com um certo espanto com a tamanha perfeição da obra; é como se cada instrumento tivesse que fazer um solo minuciosamente detalhado e perfeito. E mesmo ele não fazendo grandes dramas e acentuações como em outros compositores que vemos algo mais a cara de Wagner, ele consegue produzir obras invrivelmente cheio de energia, vibrantes e profundas.

Pouco eu conhecia de Brahms até ouvir a sua Sinfonia 1. Havia já escultado a Sinfonia 2, pela Fila de São Bernardo em 2008 (se não me engano) e as Danças Hungaras. Mas o dia que a ouvi pela primeira vez, pela OSSA (Sinfonica de Santo André) eu não esparava tanto. Havia sido um dia ruim, estava um pocado bravo e angustiado para ser sincero por um conflito que tive na apresentação do coral; mas quando chegou a música, e já naquela abertura sinistra, fantástica, enfatizado pelos timpanos e com uma harmonia profunda e muito escura, já me pedrificou de atenção. Até que chegou o último movimento, o qual praticamente espantou totalmente aquela angústia e me encheu de tranquilidade e alegria.

Bem, do que conheço de Brahms o que mais admiro é a Sinfonia 1 e 2 e algumas das danças hungaras. Contudo, venho aqui compartilhar o 4º Movimento da 1 Sinfonia, de uma interpretação simplesmente extraordinária, única! Desafio você a ouvir esse movimento até o final sem ser tomado por tal música, é um movimento que liberta da angustia, quase como o rasgando e enchendo de alegria, de energia e do belo.

27 abril 2010

Banda Marcial Espetacular



Que coisa, esse Brasil só pensa em carnaval, samba, axé... entre coisas, que tem uma certa essência de "desordem", quando na ordem vemos tamanha beleza e conquista; na desordem, talvez apenas algum tipo de prazer e passatempo.

Esse vídeo me fez lembrar de meus sonhos atrapalhados pela realidade (que novidade) para com a FaCoM (Fanfarra Clube Omega) do Clube Omega de Desbravadores. Meu sonho era fazer algo do tipo, um bom nipe de instrumentistas, com músicas bem legalzinhas e marciais, e com uma marcha e ordem unida impecável, impressionante. E o mais incrivel, feita por crianças entre 10-15 anos e alguns mais velhos, claro.

Que pena que não deu certo. Se houvesse maior apoio e incentivo de uma cultura de ordem nesse país, ao invés de desordem, bem certamente haveria menos corrupção (desordem) mais bandas marciais, orquestras ao invés de folia.

21 abril 2010

IASD Jd. Ipê

No dia 10 de abril de 2010 fomos tocar no culto, a convite, na IASD de Jd. Ipê em São Bernardo do Campo.

Bem, temos alguns vídeos gravados com recursos limitados (sobretudo o audio da gravação é limitado). Mas dá para ter uma boa idéia. Não tocamos nenhum arranjo dessa vez, sempre bloco; mas para as próximas programações desse ano, já pretendemos algo mais arranjado.

Instrumentistas:

Flautas: Angélica, Robert e Valéria
Violino: Patrizia
Sax alto: Fom, Jeferson e Denis
Sax soprano: Elcio
Trompete: Evandro
Trombone: Elton
Piano: Emilly

Eu Achei


Mansão Sobre o Monte


A Mão de Deus


Vencendo Vem Jesus


Lindo País


Bem Junto a Cristo


Nunca Desanimes


Eu Te amo, ó Deus


Seja um coração alegre 2


Seja um coração alegre 1


Jóias Preciosas


Tu És Fiel Senhor


Gravação com o celular (parte 1): Nunca Desanimes & [nao sei o nome]


Gravação com o celular (parte 2): Bem Junto a Cristo, Lindo País

09 abril 2010

Video Interessante - 8 Sinofnia de Bruckner


Sou uma pessoa suspeita para falar das sinfonias de Anton Bruckner que me fascinam; mas o que dizer da finalização dessa longa-metragem que é a oitava (mais de 1hora, tenho uma interpretação de Jochum que são mais de 1h30min). Mas essa finalização do quarto movimento... alias, aquela forte cadencia que inicia o quarto movimento após o adágio é extraordinário: "Algo realmente grandioso vem por ai."

Ainda não tive a felicidade de poder ouvir essa obra ao vivo (e aguardo com grande expectativa para tal oportunidade). Mas esse final do oitavo, nossa! É motivo de um livro. Creio eu que se fosse Bruckner, após ter terminado de compor tal, poderia dizer tranquilamente: "Posso morrer em paz, já deixei o que de melhor poderia deixar." Se isso não é de extremo cunho religioso, não sei mais o que é. Pois se há algo de especial na religiosidade expressa nas obras de Bruckner, é que sempre tem uma essência extra-terrestre. Nunca parece estar dentro desse planeta.. lembra até idéias espaciais. A idéia que tenho é sempre dele tentar estar alcançado o Céu, ou algo assim. Ou livrar-se desse mundo, no modo como ele é. De modo que muitos dizem: "Que mundo estranho é esse de Bruckner. É inalcansável! Quem consegue entendê-lo?"

Aliás, por que coloquei esse video? Nem foi tanto pela gravação dessa, que creio deixar a desejar. Mas pela forma como tentou expressar, interpretar tal música, através de coisas da natureza incriveis. Aliás, interessante o final com os cavalos correndo, uma idéia de liberdade, energia, vida... porém, creio que seria mais apropriado se o cenário fosse outro, entre planetas, galáxias, novos mundos.

23 março 2010

Mendelssohn - Violino Concert Op. 64

Já faz em torno de 1 ano que tenho um cd do Mendelssohn em casa, porém, pouco parei para escultá-lo, até essa semana. E depois de uma sinfonia, me deparo com esse virtuosismo extraordinário extraido de um violino.

Não ainda parei para análisa e fazer comentários sobre a obra. E gosto de ouvir a música já por um bom tempo, e outras interpretações. Mas deixo-a aqui de tão sedutora que é, creio que encatará e espantara qualquer um, como fez dizer? "Nossa!" - Poucos concertos para violino escultei, mas esse foi, de longe, o que mais me encantou logo de cara.

Imperdível para quem deseja se encantar com uma obra extraordinária de quem compos a mais famosa Marcha Nupcial da História.

Mov. 1 - http://www.4shared.com/file/247837236/4c105a7e/05_Violino_Concert_Op64_1_Alle.html
Mov. 2 - http://www.4shared.com/file/247837426/5186178d/06_Violino_Concert_Op64_2_Anda.html
Mov. 3 - http://www.4shared.com/file/247838143/291e9639/07_Violino_Concert_Op64_3_Alle.html

22 fevereiro 2010

4ª Sinfonia de Anton Bruckner

Escultei a quarta pela primeira vez alguns dias antes dela ser tocado pela Orquestra Sinfonica de Santo André; pois algo que notei, em minha curta experiência é que é péssimo ouvir a primeira vez uma sinfonia (salvo raros casos); você fica literalmente perdido, quanto mais Bruckner, é como chegar num mundo novo, de vegetação e relevo totalmente intrigantes e extraordinários; você tem que dar tempo para os seus sentidos se adaptarem e então, realmente poder contemplar o lugar.

Eu fui com certo receio de ouvi-la, achei maravilhosa a quarta. Porém, da última vez que ouvi Bruckner ao vivo, (a sétima sinfonia), no terceiro movimento já estava com dor de cabeça com os berros dos metais que inventaram um FFFFFFFF! E ai já pensei, lá vai eu sair com dor de cabeça de novo. Para a minha felicidade não foi o que ocorreu, mas foi muito lindo, belo. Num certo momento uma mulher atrás de mim deixou escapar as palavras "que bonito"; e outros amigos também comentaram que gostaram muito - até o rockeiro. Contudo, eu achei que as trompas principalmente deixou a desejar. E no todo, faltou uma inspiração nos instrumentistas, pois tinha hora que deixavam a música morrer.

Até que então encontrei essas duas interpretação no site PQP Bach, e eu fiquei simplesmente encantado pela de Bernard Haitink a sonoridade, parecia um solo extremamente inspirado de cada instrumentistas, os metais então... que te prende a concentração em cada detalhe do inicio ao fim. E confeço que se tornou uma de minhas sinfonias favoritas. Talvez a mais favorita seja a nona de Beethoven, porem o quarto mov. sempre deixou a desejar no que ouvi (talvez, falte ouvir em português, ou aprender alemão, para as palavras também fazerem sentido), e amo o mov. 1 e 2 sob a batuta de Toscanini; mas de cabo a rabo, acho que essa 4ª de Bruckner tornou minha favorita. De tal modo, que passei a me exercitar no trompete tocando o quarto movimento.

É notável se compararmos com a terceira, que era uma homenagem a Richard Wagner, é muito diferente, até parece outro compositor (ainda mais que Bruckner tem estilo próprio inconfundivel) parece que ele deixou um pouco Wagner de lado e buscou algo mais voltado para Bach e Brahms. Alguns insistem em classificá-la como romantica, talvez pela intensidade e encanto de certas expressões. Porém, ao meu ver ela é muito mais religiosa e poética do que meramente romantica; diria de certo modo, ser extremamente religiosa; porém, totalmente diferente da religiosidade que vemos na sétima sinfonia, por exemplo. Especialmente o quarto movimento que parece até uma feliz e grata oração.

É uma obra incrivel, tem que se ouvir num bom volume e com um som que tenha um bom grave para não perder os detalhes e impactos das harmonias que nos lembra obras com órgão ou cravo de Bach. Porém, não num volume de modo a deixá-la gritante e estérica ou de fazer doer os ouvidos. Tem que manter o nivel do sereno. E se possível, relaxar, fechar os olhos e concentrar-se totalmente na música, sem pressa, sem preocupações, sem mais nada na cabeça. É uma daquelas experiências que transforma e muda o dia.

Download
Royal Concertgebouw Orchestra (1965)
Reg.: Bernard Haitink
Duração:  54 min.
Movimentos:
I Bewegt, Nicht Zu Schnel 18:25
II Andante, Quasi Allegrettony 15:54
III Scherzo. Bewegt - Trio. Nicht 9:51
IV Finale. Bewegt, Doch Nicht Zu 19:49

21 fevereiro 2010

Grupo Instrumental IASD Central Santo André

Doxologia:



Trecho final do hino "Dai-nos Luz"

11 fevereiro 2010

Considerações Sobre Bruckner

Anton Bruckner ganha celebração incógnita

Um ancião de aparência insignificante passa a manhã de domingo de 11 de outubro de 1896 às voltas com papéis. Venta muito em Viena. Ele se sente mal e se deita. Sua governanta, Kathi, lhe traz uma xícara de chá. Sorve o líquido com satisfação e pede mais um pouco. Kathi vai buscar o chá na cozinha. Quando volta, encontra o velho com a cabeça pendida para o lado. Assim morreu Anton Bruckner, aos 72 anos de idade, de pneumonia. Aquela manhã ele havia consumido ao piano a fim de retocar o “Finale” de sua “Nona Sinfonia, em Ré Menor”. Não completou o trabalho. As comemorações do centenário do acontecimento calham à banalidade que caracterizou sua vida. Talvez a monumentalidade de sua escritura nada tenha a ver com um mero século.

O centenário passa quase incógnito para um dos grandes mestres da sinfonia. Foi lembrado somente em Linz, onde trabalhou boa parte de sua vida como mestre-de-capela e organista da catedral da cidade. Realizou-se há um mês o Festival Bruckner, com execuções das dez sinfonias (há uma sinfonia “0”, desprezada pelo compositor) e algumas de suas sete missas, além do”Quarteto de Cordas em Fá Maior”, uma das raras peças de câmara que criou. O regente francês Pierre Boulez fez pela primeira vez uma obra do compositor. Regeu a “Sétima”, à frente da Orquestra Filarmônica de Viena. “Nós, franceses, nos acostumamos a desprezar Bruckner”, diz Boulez. “É uma obra que integra o patrimônio orquestral germânico”. As flutuações agógicas de Bruckner pouco têm a ver com a síntese bouleziana, herdada de outro Anton, Webern. O ritmo e os andamentos nas sinfonias brucknerianas se movem por ondas de indeterminação, prolongando-se ao infinito. A “Oitava, em Dó Menor”, por exemplo, dura quase 90 minutos. O dobro deste tempo é o que leva para ser executada a obra completa de Webern.

Bruckner se presta a esse tipo de paradoxo. Começou a compor aos 41 anos, idade em que Mozart, Schubert ou Pergolesi não alcançaram nem de longe. Ignorante e carola, pouco evoluiu em relação à mentalidade de sua aldeia natal, Ansfelden, na Alta-Áustria. Quase sem sair dela, amplificou a orquestra e alongou a forma sinfônica a escalas sobre-humanas, preparando o terreno para as alucinações apocalípticas de Gustav Mahler. Introduziu a técnica do leitmotiv e a instrumentação de Richard Wagner na sinfonia. Um dos traços de suas sinfonias é a utilização enfática da tuba wagneriana, maior e mais potente do que a normal. Assinou as passagens mais longas e vagarosas da história da música. Pretendeu, desse modo, inserir a melodia infinita wagneriana nas grandes formas do discurso sinfônico. Sua música envereda pela dízima periódica dos andamentos. Há adágios, como o da “Sinfonia número 7, em Mi Maior”, que parecem fermatas instaladas na música para indicar a eternidade.

O católico praticante forjou harmonias tão ousadas para a época, que alunos e editores trataram de revisar as partituras. Bruckner aceitou as alterações e se encarregam de algumas delas no fim da vida. Daí até hoje existirem controvérsias quanto à execução. Elas se expressam nas duas grandes edições de obras completas de Bruckner existentes: a “Gesamtausgabe” (Edição Completa), organizada por L. Nowak, contém versões “corrigidas” e com cortes; a “Sämtliche Werke” (Obras Completas), organizada por R. Haas, afirma seguir fielmente os manuscritos. Quem quiser apreciar a produção de Bruckner em sua inteireza deve prestar atenção a tais detalhes. Há gravações no mercado baseadas nas duas versões. Hoje em dia, porém, os maestros pesquisam nos originais para executar as obras, mencionando sempre o fato nos programas de concerto e livretos de CDs. Bruckner demorou muito para ser executado. Ganhou estima de público depois da Primeira Guerra, por iniciativa dos maestros wagnerianos Bruno Walter (1876-1962) e Hans Knappertsbusch (1888-1965) e Wilhelm Furtwängler (1886-1954). Este, aliás, quis seguir a carreira de compositor como herdeiro direto do mestre de Linz.

Literalmente Bruckner beijou os pés de Wagner, mas guardou para si o pior dos orgulhos, o dos que se vêem como gênios e agem com obstinação imbatível. Num dos acessos de megalomania que lhe nasciam da vida medíocre, Bruckner escreveu a um amigo: “Aconteceu comigo o que aconteceu a Beethoven; ele também não foi entendido pelos imbecis”.

Sua formação como compositor foi autodidata. Aprendeu órgão com o pai, músico amador e mestre-escola. No início da vida adulta, Bruckner ensinou em escolas de vilarejos, até ser admitido como aluno e mais tarde organista da abadia de St. Florian. Ali tomou contato com a música de Palestrina, Antonio Caldara, Johann Sebastian Bach, Haydn e Mozart. Nos dois últimos baseou-se para escrever suas primeiras obras, “Requiem em em Ré Bemol” e a. “Missa Solemnins em Si Bemol”. Até então escrevia como um atrasado da província. Em 1863, porém, fez-se a luz. O organista assistiu à première da ópera “Tannhäuser”, de Wagner, em Linz, em fevereiro de 1863. Dois anos depois assistiu à estréia de “Tristão e Isolda” em Munique. Conheceu Wagner pessoalmente e se assumiu como wagnerista.

Em 1868 mudou-se para Viena para trabalhar como professer de harmonia, contraponto e órgão no Conservatório. De 1871 até a morte, dedicou-se a escrever sinfonias. Teve poucos amores, não se casou. Para conquistar uma mulher, oferecia-lhe missais. Não teve sucesso com nenhuma. Em 1873 visitou Bayreuth, ainda em construção. Os cronistas da época o retratam em caricatura como um bajulador, sempre pronto a se auto-humilhar. Ao fim dos concertos, entregava moedas de ouro ao maestro que se saía bem em suas sinfonias. Em Bayreuth, sobraçava uma casaca, para vesti-la toda vez que topasse com Wagner. Então se inclinava e fazia rapapés. Havia enviado ao guru a partitura de sua “Terceira Sinfonia, em Ré Menor”, a ele dedicada, e queria ouvir-lhe a opinião. A mulher de Wagner, Cosima, queria impedir o encontro. Mas Wagner finalmente o recebeu na mansão de Wahnfried. “Sua sinfonia é uma obra-prima”, disse, segundo contou depois Bruckner. “Estou muito honrado de aceitar a dedicatória”. Bruckner, segundo ele próprio, não pôde conter as lágrimas.

Wagner passou a lutar pela execução das obras de Bruckner. Seu papado, entretanto, não compreendia Viena. Ali ditava as normas do gosto o inimigo número um do pontífice de Bayreuth, o crítico Eduard Hanslick (1825-1904). Formalista, Hanslick refutava a música do futuro wagneriana por considerá-la excessivamente expressiva. Defendia a música de Brahms e considerava Bruckner o representante de Wagner em Viena. “A expressão dos sentimentos não constitui o conteúdo da música”, escreveu oi crítico. Ora, era tudo o que não pensava Wagner e, por extensão natural, Bruckner. Por influência de Hanslick, a Filarmônica de Viena recusou-se a executar uma a uma sinfonia que Bruckner lhe apresentava. A primeira chamaram de “desvairada” e assim por diante. As apresentações dessas partituras colecionaram desastres.
Wagner morreu em 1883 e Bruckner parecia despontar para o anonimato aos 60 anos de idade. Envolvido pelo luto, escreveu a “Sétima Sinfonia”. O maestro Arthur Nikish (1855-1922), antigo violinista da Filarmônica de Viena, decidiu executá-la no Teatro Municipal de Leipzig, do qual era diretor artístico. A estréia, em 30 de dezembro de 1884, colocou Bruckner no mapa musical. Aos 60 anos, foi comparado a Beethoven e Liszt. A “Sétima” sintetizava as linguagens de Beethoven e Wagner e é a obra mais conhecida do compositor.. Até então, a forma-sonata em sinfonia compreendia duas áreas tonais. Bruckner adotou uma terceira. Os desenvolvimento dos temas da obra são tempestuosos e erram por modulações estranhas. As melodias cromáticas dão saltos de sétima, quinta e sexta. Nascem do silêncio para aos poucos se elevarem em “tutti” desenhados monumentalmente por cordas, oito trompas, três trompetes, três trombones e cinco tubas. A “Sétima” foi a única fatia de glória que recebeu em vida.

As obras orquestrais de Bruckner formam estruturas achatadas, interrompidas vez por outro por terremotos de semicolcheias, tocados por metais e hachurados por cordas agitadas. À maneira de Mahler, Bruckner compôs os mundos excêntricos onde quis viver. Habitou sinfonias que lembram planícies pedregosas e vincadas de precipícios. Dedicou a úiltima sinfonia “ad majorem Dei gloriam” (para a maior glória de Deus) e autografou o tema final do Adagio (”muito lento e solene”) com a expressão “Abschied vom Leben” (Adeus à Vida). As tubas realizam um coral cromático sustentada pelos violinos. Tudo soa coerente.

A obra do mestre-escola de Linz deve ser compreendida pela grandiloqüência dos saltos abruptos de intervalos, harmonias e dinâmicas. É um planeta único, para muitos irrespirável, mas sem o qual não é possível entende a tradição sinfônica vienense que começa em Haydn, progride por Beethoven e Schubert e se encerra nas hipérboles de Mahler. O humilde Bruckner produz a culminância do gênero. Com ele, a sinfonia refuta a voz humana e o programa extramusical, como a virar pelo avesso a “obra de arte total” (Gesamtkunstwerk”) de Wagner. Torna-se conceito indefinido. Tinha razão. Os imbecis vão continuar sem entendê-lo.
Luís Antônio Giron

05 fevereiro 2010

Teses da USP sobre Música

Bem vai ai algumas teses interessantes:

Ouvir a voz: a percepção da produção vocal pelo Regente Coral - método e formação
http://www.teses.usp.br/documentos.php?doc=3

"Parâmetros acústicos subjetivos: critérios para avaliação da qualidade acústica de salas de música" [esse todo sonoplatista e diretor de música, e quando for pensar em fazer reforma ou construir uma igreja, deveriam ler.]
http://www.teses.usp.br/documentos.php?doc=3

A produção musical evangélica no Brasil
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-04062008-152940/

O sentido na música: semiotização de estruturas paradigmáticas e sintagmáticas na geração de sentido musical
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-06032007-190915/

Música na escola: desafios e perspectivas na formação contínua de educadores da rede pública
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-08122009-152940/

Os direitos autorais no mercado da música
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2131/tde-28092009-082901/

Melodia e prosódia: um modelo para a interface música-fala com base no estudo comparado do aparelho fonador e dos instrumentos musicais reais e virtuais
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-12112007-141109/

Sobre Samba e a Industria da Cultura Brasileira
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8137/tde-28052003-160547/

A percepção emocional da musica
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-08102008-013413/

O sentido na música
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-06032007-190915/

O som e o soberano: uma história da depressão musical carioca pós-Abdicação (1831-1843) e de seus antecedentes
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-16072007-110842/

Percepção musical como compreensão da obra musical: contribuições a partir da perspectiva histórico-cultural
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-09092009-162831/

Ascendência retórica das formas musicais
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27140/tde-23072009-204002/

A voz contemporânea
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27158/tde-07052009-124351/

26 janeiro 2010

O Quinto Evangelista (Bach)

A música de Bach não é produto de um homem nem a obra de uma geração, mas o resultado de longo trabalho em comum. Alguns séculos de polifonia colocaram em suas mãos uma linguagem, um estilo e uma compreensão do mundo. Com esses elementos, já trabalhados por grandes e nobres espíritos, a sua missão ficou facilitada e não lhe foi difícil dar o melhor de si ao mundo. Fê-lo com a simplicidade e a humildade com que as árvores oferecem os seus frutos e os pássaros enriquecem a paisagem do amanhecer com os seus cantos. Teve mestres, é certo; mas entre o que os professores lhe ensinaram e o que nos ensinou a todos nós, seus alunos, há uma diferença maior que a existente entre a luz da vela e a do sol. Bach, como um demiurgo, tirou o seu mundo de si mesmo. O seu poder de criação era tal, que se diria ter nele se refugiado o “fiat” divino para poder ampliar as fronteiras do mundo.

Eisenach foi, bem a propósito, o seu berço natal. Ali, no castelo de Wartburg, algum tempo antes, Lutero havia se recolhido para traçar os planos da Reforma. Em tudo ainda sentia a lembrança de Santa Isabel, cuja virtude era, principalmente, um exemplo de amor à humanidade, pobre, infeliz e pecadora... O mesmo espírito que presidiu à Reforma foi o que deu vida e força à sua obra: a paixão pelo Cristianismo na pureza primitiva. Só quando o espírito de uma época se impregna de tal forma de um ideal que passa a tirar dele a sua seiva e sua vida, é que se torna possível o aparecimento de grandes obras de arte. Cria-se, assim, ao lado de uma linguagem comum, um mundo de anseios a serem expressados, definidos. O grande destino histórico de Bach foi oferecer-nos uma versão musical do Cristianismo. Os pintores do Renascimento, os seus escultores e arquitetos, cuidaram de fixar o espírito cristão em linhas, cores e volumes. Bach transformou o Cristianismo em som. E essa versão é, sem dúvida, a mais fiel, a mais pura e a mais profunda. Há, entre a música e a religião, um parentesco íntimo. Em ambas o que vale é o que não se vê, o real é o que está acima dos nossos sentidos. O reino da religião não é o mundo físico: seu domínio começa justamente onde termina nossa capacidade de ver, de compreender e de sentir. A religião é uma linguagem além das palavras, uma ponte que nos liga ao mundo que nossos pés não podem atingir, mas onde a nossa alma se sente como em sua própria pátria. Música e religião representam um esforço no sentido do homem libertar-se do frio e imutável silencio que os cerca, de entrar em entendimento com os fantasmas que o rodeiam.

A música, como toda linguagem, é uma criação coletiva, uma convenção geralmente aceita. Onde cada qual inventa sua linguagem, ninguém se entende. Há sempre uma Torre de Babel no fim de toda cultura: o povo que deixa de ter uma linguagem o comum, deixa de ter, também, um mesmo destino. O Cristianismo foi a grande paixão do tempo de Bach. Ele é protestante no exato sentido de Lutero: o seu desejo era o retorno a verdadeira doutrina de Cristo, isenta das adaptações e das interpretações dos padres. A sua música fixa e exalta de tal forma esse sentimento que dá a impressão de uma longa prece, que sobe aos Céus e vai até os pés de Deus. A linguagem de Bach alcançou uma significação universal porque é a expressão do anseio e da esperança do imutável coração humano. Não apenas as suas energias, mas todas as forças espirituais do seu tempo se reuniram em torno da criação do seu estilo – esse majestoso e imponente barroco, tão propício à fixação das altas e luminosas visões do espírito. Foi nesse estilo, no estilo de suas cantatas, que o Aleijadinho plasmou, nas nossas igrejas, a mensagem mais alta da sua sensibilidade, inspirada no mesmo espírito cristão, feito de compreensão e bondade. O barroco não é uma linguagem para as idéias comuns, para a descolorida existência de cada dia. Não é um estilo para a construção de choupanas, mas de palácios e catedrais. A sua base é a valorização do espírito, do conteúdo. A idéia deve ser tão densa, tão violentamente presente, que força a matéria e a subjuga. As estátuas barrocas são ta grávidas de espírito que chega a curvar-se ao seu peso. Os padres de Congonhas do Campo que se queixam de que os fiéis não podiam rezar diante dos Profetas do Aleijadinho, pois o seu altar ameaçador lhes conturbava a alma, nela derramando a semente do temor. E os afrescos de Miguel Ângelo na Capela Sixtina tiravam àquele recanto, segundo alguns padres, acolhedor, pois perturbava mesmo os espíritos mais bem formados. Também as cantatas de Bach nos arrastam para um mundo de estranhas, majestosas e fantásticas visões. Bach levou o estilo barroco às ultimas conseqüências. A sua polifonia é tão intrincada, a floresta de sua música é tão densa, que os próprios contemporâneos não chegaram a perceber sua selvagem beleza. Ele é tão claro e ardente quanto o sol, que ninguém consegue fixar a olho descoberto. Foi necessário que a névoa do tempo se interpusesse entre ele e nós para podemos contemplar o seu fulgurante esplendor. Como o de Miguel Ângelo, o barroco de Bach é a vida em plenitude, a vida na sua impetuosidade de anseios, de beleza, de miséria e de infinita beleza. Não é uma arte para receio, mas para o trabalho, o duro do trabalho do espírito, uma convocação de todas as forças interiores. Bach sentiu a música como religião, como larga porta aberta para o infinito, através da qual é dada ao homem, para consolar-se de sua miséria e das suas fraquezas, comunicar-se com as forças superiores, o mundo dos seus anseios, a pátria das suas íntimas esperanças.

A música nada afirma e nada nega. Como a terra ela é fria, mas constitui a fonte de toda a vida. A Natureza, que a inventou, criou-a à semelhança das flores e das altas nuvens que passeiam pelo céu, por sobre os altos cumes. Na sua mudez ela fala mais do que as palavras, diz melhor do que a lágrima e o sorriso. É ouvindo uma cantata de Bach que somos tocados pela compreensão de nossa presença no mundo e do sentido do nosso destino. Fomos feitos, como os pássaros, para alegrar a perene festa da vida e, como as flores, para enfeitar os berços e os túmulos. A nossa missão é cantar, como os regatos, a doce melodia interior e refletir, o mistério lado de nossa alma, a longínqua e solitária luz das estrelas. A música de Bach é uma versão universalizada do Cristianismo: um cristianismo para todos os homens, mesmo os que não crêem. O seu mais alto desejo foi chegar a Deus. E conseguiu esse intento libertando-se de toda contingência humana. No fim seremos o que fomos no primeiro dia. Esquecido das palavras e desprezando o ensinamento dos mestres, Bach buscou traduzir em música o sentimento do mundo. E o fez com tanta força e sinceridade, que é, ainda hoje, através dessa sua milagrosa escada que podemos chegar ao Céu e falar com Deus.

Nada nos dá uma idéia mais verdadeira do destino humano que a música. O seu denso mistério também é o nosso; o seu mundo de sugestões é o mesmo que existe em nossa alma; a sua espantosa beleza é a que se abre aos nossos olhos como uma visão; o seu encantamento é a mesma sedução que nos prende, como folhas batidas pela fúria da tempestade à frágil haste da vida.

Não se pode dizer que Bach foi o maior dos músicos, porque não há fita métrica para medir o gênio. E como as árvores, os homens devem ser avaliados, não pela sua aparência, mas pelas raízes que tem sobre a terra. Essas raízes são o sustentáculo contra o vendaval do tempo, que tudo leva de roldão. Nesse sentido Bach dispõe de uma situação privilegiada. A sua fortaleza é uma glória inexpugnável. Não é que não tenha defeitos. Como todo artista barroco, Bach é, muitas vezes, difícil, intrincado e obscuro. A críticas que, nesse sentido, lhe fez Scheibe, seu contemporâneo, são precedentes, apesar de exageradas. Já no fim da vida Bach assistiu a vitória do estilo que desbancara o seu, e de que havia sido a mais alta e nobre expressão, baseado nos recursos do contraponto e da fuga, e a cujos cultores se referia ironicamente Telemann, vendo neles “velhos que contraponteiam indefinidamente, mas que são desprovidos de capacidade de invenção e escrevem a quinze ou vinte vozes obrigadas, e em que o próprio Diógenes, com sua lanterna, não encontraria uma gota de melodia.”

Bach é denso e impenetrável como uma floresta tropical. Os que, no entanto se aventuram a enfrentar os perigos dessa selva, descobrem nos eu interior maravilhosas estradas, calçadas de pedrarias raras e atapetadas de flores, que nos induzem a distantes e misteriosos países.

Os evangelistas procuraram, através de palavras, trazer até nos a lição de Cristo. Bach compreendeu o quão imperfeitamente foi cumprida essa missão. O espírito do Filho do Homem foi tão torcido, tão desvirtuado, traduzido de forma tão incompleta que, ao invés de semear a paz, a eles trouxe mais discórdias, mais desavenças e ódios maiores. Dispo-se, então, o compositor, a nos dar uma outra versão do ensinamento de Cristo. Na sua obra Jesus surge na sublime apoteose da pureza, como um igual dos homens, capaz de sentir as dores e alegrias, e, sobretudo, de a todos perdoar os pecados e as fraquezas, que são contingências de nossa natureza e símbolos do nosso nada. Desde o “Oratório de Natal” até as “Paixões”, Bach acompanha toda vida de Jesus. Nunca o espírito de Cristo foi tão bem fixado quanto na música. Esta se apresenta tão rica de conteúdo humano, de bondade e de perdão que dá a impressão de uma longa, iluminada e infinita benção que cai sobre todos os homens, indiferentes às suas crenças e aos seus preconceitos. A música é a linguagem absoluta. Ouvindo as “Paixões” de Bach, percebemos que o sacrifício de Jesus não é senão o símbolo da grande tragédia, de que somos todos mártires obscuros e inconscientes. A vida humana só tem sentido quando é a concretização de uma idéia. Só há verdadeira grandeza no destino que se realiza. A lição essencial de Cristo consiste na valorização do espírito, sem cuja presença nada tem sentido. Bach leva essas premissas às últimas conseqüências. A sua música é o Espírito Santo que desceu à terra e passou a habitar entre nós.

E através de Bach que entendemos o verdadeiro segredo da música. O homem é, no fundo, um animal irracional. A razão é, em nós, apenas a superfície. No nosso íntimo, conservamo-nos tão selvagens quanto os animais bravios, rudes como as cachoeiras que se lançam furiosa contra as abruptas pedras, e laboriosos como as sementes que se transformam em folhas, flores e frutos. Guardamos, no nosso mundo interior, ressonâncias vagas de quando morávamos no fundo do mar; do tempo em que perscrutávamos a selva e conhecíamos o seus avisos; das lutas pelo domínio da terra e de suas misteriosas forças. A música é uma evocação desses tempos em que não existiam nem palavras, nem razão. Uma linguagem tão nossa, tão familiar e acolhedora como um abraço de mãe. Sendo um produto do inconsciente, a ele se dirigindo, a música é intuitiva, independendo de aprendizado. E aquele que não tiver, no labirinto de sua alma, a fonte criadora. Inútil buscará o sucedâneo. A capacidade criadora nada tem a ver com a inteligência. Ela é uma ruminação interior, em cuja elaboração a nossa participação consciente é nula. A mais alta inteligência é capaz de produzir a menor obra de arte. Mas ao artista não compete apenas criar, mas fixar a criação. Bach compreendeu, como nenhum outro músico, a importância da técnica, que coloca o artista em situação de aproveitar, em plenitude, suas inspirações. Para ele, todo artista deve ser, um artesão, um profundo conhecedor do seu “métier”, cuja técnica precisa dominar completamente. Essa técnica deve ser adotada ao que tem de fixar. Nesse sentido, deu-nos impressionante lição de coragem ao desprezar as regras tradicionais que lhe impediram a livre expressões das idéias. A sua harmonia tem mais flexibilidade que a do seus contemporâneos adotando-se melhor ao seus fins. “Aparentemente” – nota Forkel o primeiro do seus biógrafos – “infringia com isso todas as regras tradicionais e tidas por sagradas em seu tempo, mas não as infringia de fato, pois realizava perfeitamente a finalidade dessas regras, que só podem ter por objeto a pureza da harmonia e da melodia, ou seja, das sucessivas e coexistente eufonias, embora o fizesse por caminhos insólitos”. As liberdades técnicas não eram ,aliás, raras na família Bach. Muito antes de Johann Sebastian, Johann Cristoph, organista da corte do município de Eisenach, escandalizou seus contemporâneos ao fazer uso, num motete de sua autoria, da sexta aumentada. As liberdades técnicas de Bach lhe trouxeram muitos dissabores. A 21 de fevereiro de 1706, por exemplo, quando era organista da Neue-Kirche, em Arnstadt, recebeu do Consistório séria advertência porque, até então, “havia feito, nos corais, muitas variações estranhas, misturando muitos tons alheios, tanto que a comunidade ficou confundida”. “Para o futuro – ordenava o consistório – deve se quiser introduzir um tonum peregrinum – permanecer no mesmo e não cair imediatamente em outra coisa, nem, como até agora tem feito, tocar um tonum contrarium”. O tonum peregrinum é, como se advinha, a modulação, e o tonum contrarium, a trova brusca de tonalidade. Também em Mülhlausen, Bach encontrou tal resistência à sua música que teve de deixar o posto de organista, que ocupou durante algum tempo. Justificando a deliberação de abandonar o cargo, confessou humildemente: “Tive sempre o pensamento de fazer progredir a música religiosa, para maior glória de Deus, mas não o tenho podido conseguir até o presente sem oposição”.

Durante toda a vida, Bach lutou contra essa incompreensão. Que acabou por amargar os seus dias, mas jamais lhe roubou a confiança em si mesmo.

O Barroco não se presta às confissões íntimas. O seu ambiente não é o das confissões, mas o dos feitos grandiosos e sublimes. Bach é um artista impessoal. Pouco ficamos sabendo dele através de sua obra. Ao contrário do românticos, que sempre falaram na primeira pessoa, usa, quando muito, a primeira do plural. Era a alma do seu tempo e do seu povo que se expressava na sua voz. Nunca ambicionou honrarias e glórias. Foi simples como todo aquele que tem real consciência da sua grandeza. Miguel Ângelo apenas assinou um dos seus trabalhos: a Pietà. Sentia que toda obra de arte é um produto da coletividade, do grupo humano, como a linguagem e os caminhos. Como o seu povo, Bach ambicionou servir a Deus. E foi esse o desejo que conduziu a sua música, por estradas iluminadas à mais sublime pureza. No “Orgelbüchlein”, em que reúne uma série de trabalhos compostos em Weimar, escreveu essa epígrafe:
“Para maior glória do Altíssimo
e melhor instrução do próximo”

E aos seus alunos da Escola de São Tomás ditou essa explicação do baixo cifrado: “O baixo cifrado é o mais perfeito fundamento da música, que a esquerda toca as notas indicadas, tomando a direita as consonâncias e dissonâncias, a fim de que surja uma agradável harmonia para a glória do Senhor e o prazer permitido à alma. Como a de toda música,a finalidade do baixo cifrado não deve ser outra senão a glória de Deus e a recreação da alma.

A música de Bach valorizava e purificava todos os temas. Em suas mãos os motivos mais comuns adquiriam brilho e o esplendor. Transformou, seguindo o exemplo de Lutero, canções licenciosas e picantes em corais piedosos, como veremos páginas adiante. Porém, mais extraordinário ainda é o fato de ter utilizado o tema da figura simbólica da sensualidade de “Hércules na Encruzilhada” na “Canção de Ninar”, com a qual a Virgem Maria, no “Oratório de Natal”, adormece o Menino Jesus. Ouvindo o “Oratório de Natal”, longe estamos de imaginar que se trata de simples colcha de retalhos: suas árias e coros, com apenas oito exceções, foram tirada das cantatas profanas “Lasst und sorgen”, “Tönet, ihr Pauken” e “Preise dein Glücke”, as quais, por sua vez, provavelmente, não foram escritas para libretos seculares. De tal maneira a música de Bach fixa a alegria da terra – dos homens simples e das almas puras, pela vinda do Salvador, que esse oratório continua ser o mais alto monumento musical sobre a Natividade. A música atinge, nele, a plenitude de humanidade e pureza.

A arte tem, sobre as demais atividades humanas, a vantagem de estar liberta das contingências do tempo. Um estudante de astronomia pode hoje refutar Aristóteles; muito da ciência de Platão faz rir, agora, ao aluno mais medíocre; um neófito de medicina muito teria a ensinar a Hipócrates. No terreno da Música, tudo se passa diferentemente. Há, sim, um torvelinho de escolas e estilos, de linguagens e expressões. Mas uma obra, como a de Bach, que expressa uma concepção de mundo e simboliza o sentido de uma época, jamais será superada. As gerações hão de reverenciá-las pelos séculos afora, como uma das mais altas expressões do espírito humano, que nela se fez música para viver além do tempo e levar a Deus a gratidão da humanidade, infinitamente valiosa, da vida.

Fonte: Sociedade Bach do Brasil