08 outubro 2011

Adagio da 9ª Sinfonia de Beethoven

Nona Sinfonia de Beethoven, por muitos, o maior presente que a humanidade já recebeu; sua beleza, energia,  alegria, a mensagem tão clara do Ode a Alegria do quarto movimento; a quebra das vaidades, o chamado a simplicidade bucólica dos primeiros movimentos... Mas, ao meu ver, a parte mais extraordinária desta, considerada a maior obra de todos os tempos, a sinfonia da despedida de Beethoven, é o 3º Movimento.

Vamos supor que já tenha escultado umas 50 vezes está sinfonia, então diria que já ouvi pelo menos umas 300, apenas o terceiro movimento. Como o descrevo? Celestial! Divino! A essencia do movimento, o que ele traz e promove é um 'sentimento divino'. É extremamente intrigante! É uma oração, de modo qual, em que ela é pensada e expressa musicalmente, sonoricamente (sem palavras humanas - estas só entram no 4º movimento); e ao mesmo tempo, os graves e trompas, principalmente, descrevem algo como se fosse a parte física, a mecânica, a interação da oração entre Deus e o Homem. Pois, de certo modo, o que prevalece quando se ora, é que nada está acontecendo, além de você falando, pensando; já na música, é como se um novo sentido surgisse que nos capacita a ver "esse vuoooommm" com trêmulos das cordas respondidos pelas flautas e oboés em uníssono; e assim, vemos que quando oramos há algo extremamente magnifico acontecendo ao nosso derredor, somos tomados por uma 'atmosfera celestial'; aos poucos vamos sendo transladados, chegando então ao clímax, ao trono de Deus, clarinado pelos trompetes e trombones. Então somos tomados por uma grande paz, uma certa ironia às tantas vaidades descritas [aterrorizadas] nos movimentos anteriores, e então tomados por um grande sentimento de segurança e gratidão, e uma calma e paz, que vai nos confortando, até o ponto que vamos encerrando nossa oração, 'voltando a Terra' e abrindo os nossos olhos para finalmente 'respirar'.

Experimente uma noite (de preferencia sexta), ao ir dormir, deite em sua cama, apague as luzes, se conforte, deite olhando para o teto. E dê o play nesta música. Feche os olhos, cuidado para não dormir, e então, medite, e deixe ser levado pela música, reparando nos mínimos detalhes de cada madeira, de cada corda arranhada, de cada dinâmica. É incrivel, e eu já fiz e faço isto muitas vezes.

Está é uma versão de Karajan com a Fila de Berlim em 1977. Já ouvi diversas gravações, outras duas boas versões são a de Fricsay (1958), a de Furtwangler e a de Harnoncourt. Mas um amigo muito apreciador de música numa comunidade no Orkut, uma vez falou que eu precisava ouvir essa versão, e teve o trabalho de me enviar o audio em som wav (sem perca de qualidade), pela Internet, há muitos anos atrás, quando não se tinha conexões tão rápidas, o arquivo tem 170mb (apenas este movimento); e de fato, está é a melhor de todas, pelo menos, no que se diz respeito a este movimento; é uma versão divinamente conduzido, parece que não era Karajan regendo os músicos de Berlim, mas o próprio Cristo regendo seus anjos. Por incrível que pareça, fui procurá-la ontem no youtube, e achei logo de cara esta, esta que parece muito a versão que tenho gravada, mas no audio no pc está melhor, mostrando evidentemente a perca de qualidade na conversão do audio. 

Boa apreciação.


1 comentários:

Hernan disse...

Concordo. Toda a obra é divina, mas o Adágio é algo de extraordinário. Fico inebriado sempre que ouço.