Nesta longa jornada por uma busca cada vez mais extraordinária dos intérpretes da 8ª de Bruckner, talvez a mais extraordinária sinfonia e obra de todos os tempos. Já passei por muitas versões, algumas como a de Karajan e Haitink citadas aqui. Para a minha surpresa, me deparei uma no blog
PQPBach. O cara falou tão bem sobre tal, que eu desconfiei. Alias, fiquei pensando ainda: "Que qualidade sonora pode ter uma gravação de 1963?" Baixei com grande receio. Aí, já era tarde, e ouvi só o 4º movimento para ver se era realmente bom... pois normalmente, é fácil ver interpretações horríveis do 4º; como uma da renomeada Orquestra de Chicago que odiei, que usam um som jazziaco na sessão dos metais. Bem, e para a minha surpresa, foi uma experiência totalmente nova, surreal! A qualidade do som está incrivelmente boa. E a interpretação de Knappertbusch com a Orquestra de Munique, simplesmente praticamente criou uma nova sinfonia. É praticamente outra música. Nem consigo ousar a comparar com as outras interpretações tão boas. Está é simplesmente única. Tão única que se tornou uma nova música ao meu ver. E diferente de Carlos Moreno com a OSSA, que mês passado os vi ao vivo tocar, que fez uma interpretação bélica e campanal do 4º; este é uma busca tremendamente profunda, profunda e mais profunda, alargando o movimento para explorar ainda mais, de modo que a música talha ainda mais as profundezas do nosso coração; e de modo que urge um grande e poderoso drama; e algumas coisas brutalmente romanticas, em pausas e explosões que nem mesmo Karajan produziu.
Porém, após ouvir inteira, e com mais atenção. Sinceramente, acho que vale a pena apenas por causa do 4º movimento. O 1º e 2º ficaram muito ruins ao meu ver, nem deu para entender os temas. O 3º movimento é belo por si, mas não ficou muito espirituoso. Deixa muito a desejar, os temas novamente ficaram opacos, mas as trompas foram incriveis; porem ficou uma narrativa um pouco enfadonho, não se desenvolve muito bem. Mas o 4º movimento, realmente, vale a pena, neste capricharam!
Separei o ultimo trecho, o final do movimento aqui. E ainda me pergunto? Como os trompetes conseguiram fazer aquela explosão atomica, tão abruta e poderosa que parecia rachar o ar, o espaço, o tempo... um verdadeiro turbilhão!!! Haja técnica, embocadura.
Por fim, coloco o comentário do Blog PQPBach, como minhas palavras para não prolongar esse discurso:
"Este é um CD implacável. Sério. Estou ouvindo a sua música atordoante desde às 8 e meia da manhã. Em meio ao pandemônio da preparação de provas, planejamento semanal, correção de exercícios. Desde o dia de ontem, encontro-me nesse torvelinho. Meu final de semana está sendo terrível. Segunda recomeçará a roda-viva. O que me consola é a música poderosa de Bruckner. Entre as sinfonias do compositor, a sua número 8 me bota um sorriso bobo de espanto e contemplação. Como alguém como Bruckner conseguiu fazer algo assim? Mas, com certeza, tal aspecto apenas engrandece a fineza e a sensibilidade que lhe habitava o interior. A peça é uma viagem filósofica e religiosa. Um evento cartático, com transfiguração e redenção. As sinfonias de Bruckner, a partir da Terceira, constituem eventos notáveis, de perfeição exagerada, beirando o impossível. Esta versão com Hans Knappertbusch, gravada em 1963, é algo que impressiona e se estabelece como uma das melhores versões que já ouvi. Aparece ainda no post, Richard Wagner. Sei. É um post que causa uma impressão fundante. Saiam da frente que a música é grande, enorme, capaz de silenciar os homens e embalar o universo. Um bom deleite!" - Carlinus
Münchner Philharmoniker
Hans Knappertbusch, regente