10 abril 2011

8ª Sinfonia de Anton Bruckner - Haitink

Acabei de ter um domingo MUITO musical. A fanfarra de manhã, ouvindo e preparando umas musicas a tarde enquanto fazia uns estudos e analises. Depois ensaio de um musical na igreja, entre outros. E cheguei em casa, e sem querer me deparo com um link de algo que eu estava procurando há um tempinho já: a 8ª de Bruckner com Haitink e a Royal Concertgebouw Orchestra. Vou ser simples, eu acho o Haitink o melhor regente da atualidade e dos últimos tempos, e a ele com a Royal é uma perfeita sintonia; sinceramente, prefiro 100x mais a Royal que a Fila de Berlim (apesar da fama), e em segundo lugar a Sinfonica de Viena.

Antes de mais nada, achei um texto, sem querer na net, de uma entrevista com Haitink, e ele tem esse comentário: 


"Sentado no café de um hotel no centro de Salzburg, com vista para o Rio Salzach, Bernard Haitink sorri com a lembrança. "Estive aqui pela primeira vez em 1947, tinha acabado de completar 18 anos. Estava animado para ver de perto um maestro de quem se falava muito, Wilhelm Furtwängler. Eu o vi regendo Fidelio, outras óperas, e... nada. Não provocou impressão nenhuma em mim. Até que durante um concerto, a 8.ª Sinfonia de Bruckner, algo aconteceu e uma eletricidade tomou conta do teatro de maneira muito forte. A apresentação era de manhã e lembro que passei toda a tarde caminhando na margem desse rio, tentando entender o que eu acabara de testemunhar. É algo de que não me esqueço até hoje."


Coincidencia? Acredite, eu esculto muito, mas muito Bruckner. A alma fica com uma fome. É sempre mais profunda. É uma obra incrivel. Talvez como Haitink disse na entrevista, é um milagre. Parece que essa composição de Bruckner cheira a milagre. O que vem muito bem, visto que ele era extremamente religioso. A pouco tempo postei uma versão do Karajan. Há muita diferença entre os dois. Karajan, explora muito o romantismo de amplificar as emoções. E a maioria dos atuais regentes, tentam uma busca louca de sempre querer produzir algo mais intenso, volumoso do que da última vez. Haitink não, ele desenvolve com paciencia, é como se não tentasse forçar a música, mas tenta alcançar e produzir o sumo dela, e bem equilibrado todos os aspectos. É por isso, que sempre que ouço Haitink com a orquestra holandesa, sempre tenho a impressão de perfeição. É tudo muito perfeito! Todos os nipes, todos os instrumentos soam perfeito, um solo. Admiro muito seus musicos, para conseguir produzir tal trabalho. Na entrevista Haitink disse que uma gravadora propos dele gravar as 10 sinfonias de Mahler. E ele disse, que levaria 1 ano para preparar cada uma das sinfonias, e que apenas depois, (10 anos) então faria a gravação. Que orquestra, que grupo musical, vemos hoje ficarem 10 anos estudando umas musicas para então "tocar pra valer" com mérito de gravação? Está ai a virtude de Haitink.

A versão de Karajan, eu diria ser mais intensa, no sentido, que, "se quer sentir emoções mais intensas, é ele." Fora a acustica da catedral ser mais adequada, que deu grande efeito. Já, Haitink, é perfeito. Não é tão intenso, mas você fica mais impressionado com a música em si, com a energia que emana dela. É uma daquelas coisas que produz um efeito mais duradouro. Além disso, tem uma qualidade sonora, de um som mais escuro, profundo, teutonico, realmente surpreendente!

Infelizmente, não há todos os videos no youtube. Mas ainda assim, é IMPERDÍVEL!

1º Movimento




2º Movimento




3º Movimento






4º Movimento




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