11 fevereiro 2013

A Canção da Solidão - Original


Sozinho, a noite, no quarto escuro, um trompete na mão, sem métodos ou partituras, e, de repente, eis que uma inspiração surge. As notas vão vindo, a música vai vindo. Desafinada, arranhada, chorada, triste. É assim que era para sorar. Uma solidão, uma escuridão, eis o seu andamento, sua interpretação. Notas improvisadas, andamento descontinuo, ritmo destruído. Todavia uma clara expressão. Não se trata de perfeição do 440hz, não se trata de som maravilhoso de orquestra, não se trata de uma partitura beethoviniana, nem de metronomo. Mas uma arte que emanou e expressou, aquilo  que qualquer um que ouvir pode entender, pode compartilhar. A tristeza, a solidão, a melancolia, a escuridão.

Tanto a música, quanto a gravação, foram ao vivo, de primeira. Surgiu totalmente em improviso. A partitura não sei lhe dar. Mas gostei tanto. Que fiz este vídeo com várias imagens de fundo, que fazem algum sentindo.

03 fevereiro 2013

Bocal (Mouthpiece) Yamaha Custom Japan 16C4-GP

Adquiri este bocal após testar o de um amigo que veio junto ao trompete Yamaha Xeno que ele havia comprado. E me deslumbrei com o bocal, principalmente pela facilidade de tocá-lo, como se fosse um bocal raso, inclusive facilidade de tocar as notas agudas, o conforto labial do ouro e da borda e por possuir uma boa sonoridade apesar de tudo isso, um grande som. E eu usando aparelho ortodôntico até então estava tendo muitíssimos problemas com resistência e tocar a região aguda e logo adquiri ele.

Usei o bocal por 2 anos e não foi o principal bocal que usei neste tempo, usei mais o Schilke Sinfônico M1, um excelente bocal que se adaptou melhor a minha boca e possuí uma textura de som e qualidades mecânicas que uso mais. Mas o que dizer deste excelente bocal?

O Bocal
A parte interna e a borda do bocal são feitos de ouro de ótima qualidade. Todo acabamento e contornos são impecáveis, é um bocal muito bonito, grande, e pesado. Tem uma massa acrescentada, considerado heavy, porém, diferente do que se costuma ver em outros bocais deste tipo, o corpo da massa é menos distribuindo no seu corpo, fica mais concentrado próximo a taça. E nisto, eu percebo 3 diferenciais, comparado a um Bach Heavy:

1. O peso fica mais distribuído na região do lábio isto promove uma embocadura mais fixa e firme, consequentemente mais confortável;
2. Quanto maior a massa e sua distribuição no corpo, mais energia é necessário para se tocar. Ele não é um pesado pesado, é só um pesado - digamos assim. De modo, que tem uma ótima combinação de equilibrio, melhor que o Bach Heavy no meu ver, de modo a exigir menos energia de você, assim não prejudicando sua resistência como é mais comum nos bocais pesados. E também ele não prejudica no volume sonoro é possível se fazer um grande volume sonoro, até maior do que o outro bocal Schilke referido.

3. O corpo adicional que deixa pesado, matematicamente suavisa a onda da vibração, suavisando detalhes como  arranhões no som, articulações mal feitas e dando uma aveludada no som. Os bocais mais pesados com corpo a parte do peso mais longamento distribuido, como em alguns modelos Bach, de certo modo aveludan ou escurecem demais o som, mais próprio para alguns solos mais melancólicos ou fazer um som muito escuro como em algumas obras de jazz e blues; todavia, perde outras caracteristicas, como brilho e aquele 'ardido de ataque' e algumas caracteristicas que normalmente se busca numa obra sinfonica ou para tocar em conjunto; logo este bocal é uma excelente combinação intermediária que cai bem sem deixar a desejar nos dois estilos.


Tocando com o Bocal
A primeira impressão que você tem ao tocar este bocal é o conforto das bordas em ouro... é muito confortavel, parece ser macio. E acredite, para um cara que toca com aparelho ortodontico, ele foi uma grande salvação para muitos momentos que carecia de resistência e estaca com os lábios cansados. A flexibilidade dele é muito boa, quando você flexiona notas distantes legatos você fica impressionado a precisão com qual se muda de uma nota para outra. Tenho um trompete Yamaha também, e percebo muito isso nele também, eles são muito precisos, acredito que a margem de erro para notas é muito pequenos de tais marcas, produzindo uma grande qualidade de afinação. Também a articulação entre as notas, devido a massa pesada é bem suave e suavisa aqueles possíveis arranhos e chiados nas articulações. A minha impressão, ao tocar ele é semelhante a tocar com Bach 1/2 de profundidade intermediária entre um C e D, é um semi-raso mas não deixa de ser fundo, a sua garganta é funda e mais aberta no fundo do cálice, deste modo, dá até uma certa impressão de certo modo que se está tocando o 1C. Detalhando que a garganta mais aberta e funda deixa o som mais lirico, o abre mais permitindo controlar mais o feeling do som e ajuda a controlar as dinâmicas, sobretudo o volume sonoro (normalmente gargantas pequenas, como de cornets limita mais isso). Você tem um bom range, tanto nos graves quanto agudos e intermediários, em nenhuma região deixa a desejar; é um bocal super bem equilibrado. Um dos destaques é que nas notas graves ele não racha o som, como a maioria dos bocais fazem você tem um bom controle e uma sonoridade constante mesmo nos graves; mas se busca uns graves com mais peso ou mais rachado e dark, aconselho outro bocal.

O Som
O bocal tem um grande som é muito parecido com o som de se tocar o 1 1/2 B da Bach em questão a som. As diferenças peculiares são devido ao peso e ao ouro que reveste a parte interna. O ouro amacia o som deixa mais meloso. Gosto desse bocal especialmente para tocar coisas mais melosas, ou para melodias que preciso fazer passagens mais suaves e legadas. A massa extra melhora na projeção do som, dá um brilho a mais, um pouco mais penetrante se você tocar num ambiente que tem muita reverberação tirando um pouco o exagero do que um bocal magro faria numa ambiente assim, caso seja o efeito procurado na música. Todavia, tocar ele num bocal de metal muito leve faz o perder um pouco sua sonoridade fica um som mais seco. Por outro lado, não é um bocal que recomendo para tocar algo mais estilo uma Marcha, algo de caráter mais barulhento, Mahleriano, talvez uma passagem ou outra, onde se busca ouvir mais aqueles ataques e ardidos ou som mais rachado e menos amaciado. No meu ver é uma busca mais para se busca tocar mais solo, ou algo mais meloso, mais de aspecto suave... ou tocar um Jazz mais limpo com um som mais confortavel e cheio para o ouvido do que os bocais muito pequenos e rasos sem abrir mão de uma boa resistência.

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